quinta-feira, 27 de maio de 2010

reparei que no olhar de criança não há desejo. quando se cresce, essa coisa que te faz olhar já quer te recriminar em olhar nos olhos do outro. você já não é capaz de enfrentar essa estranheza: vira o rosto e nega. a criança olha nos olhos, sem cessar. porque aquele algo a prende à atenção. e ela pára de olhar no momento em que descobre que olhar pra aquilo que a intriga, que é belo ou feio -na verdade é simplesmente fascinante- não é necessariamente querer pegá-lo nas mãos. ela pára de olhar porque ela se permite. ela pára de olhar porque repara que depois de olhar incessantemente, sem parar, não vem nada além; acaba.

Nenhum comentário:

Postar um comentário