sexta-feira, 7 de maio de 2010

7 de maio de 2010

Mãe,

É com grande dor que eu sinto pelos acontecimentos recentes. Sei que há momentos que você olha pra mim e não vê ali a menininha de cabelo negros com um sorriso que parecia dominar o mundo. Agora estou com os cabelos tão pequenos quanto eu tinha naquela época. Eu era tão pequena, tão indefesa, tão em seus braços e nos braços de Rafael (meu irmão).Se não fosse do seu colo quente de mãe amada eu não sei o que seria de mim neste mundo grande. Foi você quem me deu a graça de conhecer a vida, foi você quem realmente adotou minha vida, no sentido grande da palavra, que me guiou os primeiros passos, que me ensinou a acariciar os outros e não a dar tapas; foi você quem me ensinou a me alimentar.
Foi papai quem me ensinou a ler os números, os livros, os sonhos, a minha mente...
Graças a seu coração de mãe eu pude ter um lugar bom no mundo. Um lugar grande. Uma linda família, amor, uma cama aquecida e carinho a minha espera.
Talvez eu esteja crescendo demais agora, crescendo demais e percebendo que, agora, eu devo deixar esse laço pra trás. Ou ao menos, afrouxar essa corda. Agora, mãe, eu tenho que saber que eu já não preciso tanto dos outros.
Agora, eu já posso caminhar a próprias pernas, já posso comer o que bem decidir e dar carinho a quem minhas mãos decidirem. É difícil o caminho. Parece que decidir sozinha é em parte, ficar sozinha pra sempre. E no fundo, o que eu menos quero é te deixar ir embora da minha vida; tamanho meu amor por você. Esse meu ódio grande, é talvez, mãe, pra tentar te fazer ficar com tanta raiva de mim que me mandes ir embora, embora pra nunca mais voltar. E assim eu possa, na marra, me livrar de você, a coisa mais linda e especial da minha vida. O outro que me deu a vida, esse é você. Você é tudo que eu tenho. Não sou só tua filha mãe, sou tua mãe também. Quero te dar essa vida de asas livres pra voar longe que em algum momento se perdeu dentro de você. Quero te ensinar a caminhar e alimentar a sua alma, doce e pura como a de ninguém.
De todos esses amores que vão e vem, só um permanece e sempre permanecerá vivo e eterna chama acesa em mim; de agradecimento e paixão: és tu mãe, coisa linda que ilumina meus dias, mesmo com seu olhar tristonho que não sei desvendar.
Esses dias sonhei que largávamos tudo e viajávamos juntas, sozinhas, pra conhecer o mundo grande dos homens, das palavras, da vida... Eu vi tantos risos ali mãe, como de duas amigas que já fomos em algum outro momento das nossas vidas. Saiba que para todas as mulheres nunca haverá nenhum espaço como há o seu lugar. Você é meu segredo e meu mistério. Você é tudo que eu mais amo.

Me perdoe pela dor causada nos últimos dias e pela irritação que ando sentindo, acho que é por perceber que hora ou outra, tenho que ir pra longe de você...

Te amo demais para entender.

Renata

2 comentários:

  1. Achei muito bem escrito. Palavras bem escolhidas, que produziram um ritmo interessante e certo lirismo. Mas eu separaria em versos, ao invés de deixar tudo em prosa, como se fosse uma carta.

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