quarta-feira, 23 de junho de 2010

A grande Árvore

"Meninos e meninas aconchegados num canto de uma grande montanha a espera dos tapetes que ainda viriam. Não havia hora marcada. Era inconstante a presença de todos ali, alguns pareciam permanecer pra sempre, enquanto outros estavam sempre partindo. Aconchegados naturalmente de forma a sentirem-se protegidos de si mesmos, se abraçavam contra seus joelhos. Eram muitos deles, sentados ao longo da montanha à espera esperançosa dos tapetes flutuantes da travessia. Nunca pareciam temer a data ou perder no olho o riso, estavam sempre postos de forma igual, igualzinha... Eram muitos e incontáveis. No leme do tapete que carregara crianças dessa parte à outra - a travessia consistia em carregá-las da montanha até a ilha, do outro lado do Oceano Azul- estava a posto o velho Major, de corcunda reconhecível e vestes negras. Chapéu tecido a mãos próprias e de forma rudimentar, sem nenhum luxo estético, apenas de forma a esconder-lhe a cabeça. De remos imaginários e de braços magros, com pelancas caindo por todos os lados, o velho Major permanecia todo o percurso de cabeça baixa, e em silêncio. De extrema competência, ele nunca havia errado o caminho."

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