segunda-feira, 5 de julho de 2010

Sonhos ruins provocam em mim uma imensa dor. Penso que ainda que pareçam sonhos, são todos realidades possíveis em meio a um tumulto inconsciente. Acordo e tenho que superar a ocasião por hora ocorrida, visto que de olhos fechados, eu vivi materialmente algo que não me agradou. Há noites, exatas quatro, tenho sonhos ruins. E levanto sabendo que estes são sonhos, fruto de formações imagéticas da minha mente, mas o impacto sentimental que sinto me faz refletir sobre a verdadeira realidade dos sonhos, ou quem sabe, a verdadeira reflexão que cabe fazer sobre eles. Poderia me concentrar em decifrar cada mínimo instante que me lembro ter visto durante o sono, mas ao contrário de um sonho bom, fazer isso com esse tipo de sonho é exatamente como reviver uma lembrança dolorosa, e necessariamente, ter de superá-la. Penso que há uma forma de reverter o quadro: a realidade de olhos abertos não pode ser modificada por mim, a não ser por meio da morte, mas não é essa a saída. A forma que vejo de modificar a realidade dos meus sonhos é a de modificar a realidade inconsciente. Mas seria isso possível? Nos últimos meses percebi que, provavelmente, eu seja mais capaz de conhecer meu inconsciente a meu consciente, já que há tantos meios de dopar a consciência, e ao inconsciente, ainda que leve tempo para conhecê-lo intimamente e decifrar suas artimanhas, há a literatura e a filosofia –há um caminho racional. De fato, talvez eu saiba o que pensar sobre os sonhos. Pois, quando sonho colorido, penso exatamente como agora: algo de tal magnitude não pode ser visto apenas como um acontecimento linear, mas sim, como uma realidade possível meio ao real. Diferente da dor ocasionada pelo acontecimento factual que não se quer, o sonho ruim acontece em uma realidade exposta na minha mente, mas diferente da realidade vivida no dia-a-dia. Logo, eu posso superar a dor do não-acontecido pela fragilidade de crer no que parece ser mais real. Mas o que eu vi, ainda que de olhos fechados, parece materialmente igual e com exata nitidez a este computador que esta na minha frente nessa manhã de segunda.

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