quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Carta à Amedeo Modigliani

"Li sobre você.
Li mas sei que não sei nada de você.
Dizem que era você doente, genioso e solitário.
Mas a verdade é que eu não acredito em solidão.
Tampouco em geniosidade. Tampouco em você.
Eu não acredito porque eu sei que quando você
pensa, se multiplica; eu não acredito porque eu
sei, que quando você pinta, se intimida. Não só.
Mas quando pinta você se resgata pra dentro. Tanto
que lá pelas tantas pouco importava quem você olhava
pintando... Irrevogável, se mantinha o mesmo. E o mesmo
pescoço. E a mesma frustração. Eram os seres de você,
que eu acredito, nunca existiriam na vida real.

Sobre seus olhos ocos e fundentes ao fundo, eu gostei.
Gostei porque me incomoda tanto pensar que tem
você, ou eu, que pensamos iguais a nós...E você sabe:
isso é simplesmente, fantástico."

Nenhum comentário:

Postar um comentário