terça-feira, 3 de agosto de 2010

Sinto-me fria... calculista. Mas juro, eu sentia que naquele momento agir da pior maneira possível
era a única forma de sair dali ilesa. Eu queria mais era que ele sentisse que ia me perder,
que eu poderia (e desejaria) todos os homens do mundo, que ele ali não me cabia, não era suficiente...
Fiquei frígida novamente, apática, diante suas mãos em volta de minha cintura pedindo desesperadamente
por um abraço sincero. Mas eu não pude, eu não podia, eu era incapaz naquele momento.Seus olhos marejados
de incerteza e insegurança. Eu simplismente não podia... até que veio o movimento que matou aquele momento
e me deu um sopro de consciência: ele parte daqui sem você, nada será igual se você se despedir com um mero tchau.
Um selo, rápido e certeiro, porém, pouco eficaz. Meu estômago roncou 30 vezes consecutivas e senti um gélido frio
na boca da barriga que me roubou o ar. Pouco depois estava eu lá: que fiz, que fiz eu novamente?
Havia ele me deixado com uma frase que dizia: Você ainda vai se arrepender disso, eu echi
meu peito de medo e perdi a vontade.Perdi a vontade de tudo, vim pensativa, mas logo frente ao computador eu tenho
aquela certeza: melhor que eu sofra agora, melhor que eu me aleje, melhor que eu descubra que sou mesmo uma errante
pelo mundo afora, sem eira nem beira, sem amor ou namorado. O sofrimento de outrora calou meu coração para sempre,
eu já não posso mais me entregar verdadeiramente. Meu ponto comparativo, meu vértice afetivo ainda é Rafael,
e eu prefiro que continue a ser Rafael e ter certeza que ele não é meu, logo não posso tê-lo, querê-lo nem perdê-lo.
Dói tâo menos acostumar-se com a solidão... Dói tão menos perceber que aquilo ali não precisa ser coquistado, que
aquilo ali NUNCA vai existir (até pq, inconscientemente você não o quer), que aquilo ali nunca será perdido! Dói tão
menos não amar e ser amado. Não dói tanto assim essa apatia que me toma conta, essa certeza embassada no nada, essa
real precisão de que as coisas agora parecem no controle - o quadro muda, mas toda resposta têm solução -.
Se ele quiser terminar, eu sofro por um pouco, mas melhoro.
Se ele quiser continuar, provavelmente eu continuo a me embebedar de certezas cada vez menos concretas, mas tenho
algo ou alguém para elevar meu ego quando acordar de mal humor. E uma hora ou outra a coisa complica e dão fim à elas
- basta eu não me deixar apaixonar por nada nem ninguém -
Ao contrário, hipóteses me doem:
Se eu quiser terminar, dizer que era o fim me doeria e me faria arrepender pelo resto da vida (mesmo que eu não
sentisse nada por ele, o que não é o caso)
Se eu quiser me apaixonar, me entregar (o que é muito difícil que aconteça) as coisas tendem à piorar: medo de perder,
medo de ganhar, medo de querer, medo do futuro, medo do presente e do passado.

PREFIRO ABSTER-ME DAS ÚLTIMAS DUAS, JÁ QUE PREFIRO MORRER ARREPENDIDA À MORRER INDECISA E INSEGURA.
Não senti, sinto que você também se importava com isso.
Pense no melhor pra você, não pense em mim, por favor.


(texto de 2008)

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