quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Há dias venho evitando que isso aconteça. Sei que a escrita é parte fundamental do meu processo de cura. A análise por si, a medicina e a vontade de avançar, não podem fazer por mim o que o inconsciente revela enquanto eu obedeço. Clarice Lispector disse um dia que dizer sobre quem era de dimensão incompreensível para sua escrita, mas que sobre a vida, ela podia afirmar que vivia. Eu, sinceramente, não sinto que vivo. Os dias passam limpos e vazios por mim, episódios esquecidos dos quais eu não me lembro de mim. É, eu não estava lá. Ainda que eu me pedisse para recorrer a letras e parágrafos minha sabotagem à vida sempre foi superior: os dias passavam sem registros em uma mente que só se lembra do que escreve.

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