segunda-feira, 5 de outubro de 2009

86

o meu maior medo é que quando eu sonho com o amor,
eu não sonho comigo, eu não sonho com você, nem com essa pele;
o meu maior medo do mundo, é que quando eu escuto o amor,
eu não ouço minha vontade, não sinto minha liberdade, não voou;
o meu maior e eterno sonho, quando eu vejo o amor por aí,
é deslogar meu corpo de mim, despir, desprender meu verso do fim;
renascer, repintar, reviver, remontar o cenário da minha mente em algo que realmente faça sentido, em sensação e libido, em construção e desgosto, em consciência e escorço, em leve teatral, em início e final; e, a minha maior eternidade, aquela que eu mais temo quando escrevo é que eu fique de palavras, boquiaberta, para só mais uma noite de mentiras e nada além ; aquém da minha verdade, da minha vontade, circulando os paralelos sem me concentrar em pio, no arrepio vazio, em sentido e medida, interno e íntimo, meu, meu, meu e nunca meu, e nunca seu também.

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